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Beatles

THE BEATLES


Não foi apenas acaso o fato de Liverpool ter sido a cidade de origem do maior e mais revolucionário fenômeno musical popular da história.

O fato de ser uma cidade portuária fazia com que as novidades vindas da América chegassem inicialmente a Liverpool e daí ao resto da Inglaterra e Europa.

Enquanto o resto da Inglaterra balançava ao ritmo de uma música chamada skiffle, semelhante ao Blues, Liverpool formava as suas primeiras bandas de rock ao estilo americano.

Em 1956 John Winston Lennon, até então um estudante sempre envolvido em problemas e fadado a se tornar um delinquente, forma a sua primeira banda de rock.

Visto que todos os componentes eram alunos da Quarry Bank High School a banda é nomeada The Quarrymen e passa a tocar em igrejas e festas escolares. Lennon era o líder da banda e responsável pelos vocais e guitarra. Em uma das apresentações a banda é observada e admirada por James Paul McCartney que logo se identifica com John Lennon visto que ambos apreciavam os mesmo estilos musicais e tinham ambições semelhantes. Em pouco tempo Paul McCartney seria chamado para assumir a segunda guitarra na banda. A princípio fez pouco caso mas terminou aceitando.

Mais tarde Paul trouxe para a banda George Harrison, também guitarrista, e John conseguiu convencer um amigo, Stuart Sutcliffe, a comprar um contrabaixo e se juntar a eles. A banda foi completada pelo baterista Tommy Moore. A esta época John e Stu estudavam na Escola de Artes de Liverpool.

Era necessário mudar o nome da banda, que durante algum tempo se chamou Johnny and the Moondogs, depois The Silver Beetles (os besouros prateados) em homenagem à banda The Crickets (os grilos) de Buddy Holy. O nome foi reduzido apenas para Beetles e a ortografia correta foi mudada para Beatles fazendo um trocadilho com “beat” (batida).

A banda começou a registrar um pequeno sucesso local e o baterista Tommy Moore foi substituído por Pete Best, filho da dona de um dos clubes, Casbah, em que a banda tocava. Nesta época a namorada de Stu Sutcliffe, Astrid Kishnerr, sugeriu que os Beatles adotassem o penteado que marcaria a sua imagem nos primeiros tempos.

No início da década de 60 a banda já tinha um empresário e excursionava na Inglaterra e Alemanha. Começou nesta época a ligação entre os beatles e as drogas, a início anfetaminas, única coisa que permitia que a banda tocasse durante horas seguidas mantendo um ritmo alucinante. Na Alemanha foi gravado um disco que se tornaria mais tarde uma das mais difundidas gravações piratas da história. Stu decidiu deixar a banda e ficar na Alemanha. Paul desta forma assumiu o baixo.

O grande passo da banda ocorreu quando, de volta à Inglaterra, foram descobertos pelo empresário judeu e homossexual Brian Epstein, dono de uma loja de discos e grande responsável pela explosão da banda. Brian assistiu a banda tocando no pub Cavern Club e logo se tornou seu empresário.

A banda preparou um disco patrocinado pelo empresário e começou uma peregrinação de gravadora em gravadora para que o disco fosse gravado. Brian sugeriu trocar o baterista e os Beatles concordaram. Desta forma saiu Pete Best e entrou Richard Starkey Junior, mais conhecido como Ringo Star. Com esta formação a banda foi finalmente aceita pelo selo Parlophone, da gravadora EMI.

Em 1962 foi gravado na EMI o primeiro compacto contendo “Love me Do” e “P.S. I Love You”. Segundo boatos nunca confirmados o próprio Brian Epstein teria comprado dez mil cópias do disco, colocando a banda imediatamente no topo das paradas, de onde não sairia mais nos próximos anos. Poucos meses depois foi lançado o disco “Please Please Me” e os compactos de “From Me To You”, “She Loves You” e “I Wanna Hold Your Hand”, todos sucesso absoluto. Mais tarde saiu o disco “With The Beatles”, que consegue um sucesso ainda maior que o anterior.

Apesar do sucesso absoluto na Inglaterra e Europa, os Estados Unidos, grande mercado e a nação que definia o mercado mundial de música, se negava a aceitar os Beatles. Mais uma vez coube a Brian Epstein mudar a situação agendando uma apresentação dos Beatles no maior programa de televisão americano. Na chegada da banda aos Estados Unidos os repórteres foram surpreendidos pelo bom humor e inteligência dos rapazes. A América notou que havia naquela banda estranha de garotos cabeludos algo que faltava aos artistas americanos.

A apresentação no programa de Ed Sullivan foi um sucesso e o single de “I Wanna Hold Your Hand” subiu imediatamente ao topo da parada americana. Foi lançado então o disco “Introducing the Beatles”, na realidade uma compilação de “Please Please Me” e “With the Beatles”.



Teve início a beatlemania, registrada no filme “A Hard Day’s Night”, que documentava um dia na vida dos Beatles e que foi acompanhado pela trilha sonora de mesmo nome. Mais do que discos a banda vendia todos os tipos de material publicitário e artefatos. Aproveitando a repercussão da turnê nos Estados Unidos foi lançado às pressas o álbum “Beatles For Sale”.

Em 1965 foi lançado o LP “Help!” e o filme de mesmo nome, desta vez uma sátira musical aos filmes de espionagem. O disco registrava o momento de pressão por que passava a banda, tocando, compondo e gravando exaustivamente para atender aos fãs e à gravadora.

A banda, principalmente Lennon, aumentou a sua experimentação com drogas. A despeito disso a monarquia inglesa decidiu conceder à banda condecorações de mérito em virtude de serem os Beatles grandes exportadores e geradores de divisas para o país.

A evolução musical e amadurecimento da banda se refletiram no disco “Rubber Soul” lançado no final de 1965. As músicas bobas da fase inicial haviam dado lugar a arranjos complexos, instrumentos exóticos, experimentação no estúdio e letras elaboradas. Pela primeira vez o rock era encarado com seriedade e deixava de ser apenas uma forma de diversão. A influência de drogas alucinógenas na inspiração das músicas ficaria mais clara ainda com o lançamento de “Revolver”.

Na época uma declaração descuidada de John de que “os beatles são mais famosos que Cristo” gera uma onda de protestos em todo o mundo. A banda resolve deixar de fazer shows ao vivo em virtude de ser praticamente impossível repetir no palco os resultados de estúdio. A beatlemania havia acabado e os Beatles eram agora mensageiros do inconformismo da juventude.

A banda decidiu então marcar sua passagem pelo mundo da música com um disco definitivo. A idéia inicial era gravar um álbum duplo totalmente diferente nos mínimos detalhes de tudo o que já houvesse sido feito. O resultado saiu em 1967 na forma do álbum (simples) “Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band”. O disco disputa com Piper at gates of Dawn, do Pink Floyd, o mérito de ter sido o marco inicial do rock progressivo. Sucesso absoluto de público e crítica.

A banda partiu juntamente com um grupo de amigos para um retiro promovido pelo líder espiritual oriental conhecido como Maharishi. Lá receberam com surpresa e pesar a notícia de que o empresário Brian Epstein havia morrido de uma overdose de calmantes.

Os Beatles voltaram à Inglaterra para tentar reorganizar seus negócios sem a ajuda do empresário. Brian Epstein era o responsável por toda a organização financeira e logística da banda, que tentou prosseguir sem ele criando a gravadora Apple. Devido à má administração a gravadora estava afogada em dívidas dentro de pouco tempo. Os problemas financeiros viriam a piorar o relacionamento entre os membros do grupo.

Gravaram então o filme “Magical Mistery Tour”. Partindo apenas da idéia de filmar uma viagem, sem roteiros pré-definidos, o filme se transformou no maior fiasco da história dos Beatles, ignorado pelo público e esmagado pela crítica.

Após o lançamento do filme e da trilha sonora os Beatles partiram para uma viagem à Índia acompanhados de um grupo de amigos para um encontro com o Maharishi. A banda voltaria poucos dias depois desiludida com o guru que mostrou não seguir seus próprios ensinamentos e tentou seduzir uma das mulheres que faziam parte do grupo.

A banda reconquistou o agrado do público e crítica com o lançamento de “Hey Jude”, uma música que tinha todos os motivos para ser rejeitada pelas rádios em virtude de seus mais de sete minutos de duração mas que se tornou um dos maiores sucessos dos Beatles. Porém nem tudo estava bem. O clima pesado nas gravações do “White Album” levariam mesmo Ringo a abandonar a banda durante alguns dias. A situação ficou mais delicada quando John Lennon passou a insistir que sua nova namorada, Yoko Ono, participasse das gravações.

Apesar do sucesso alcançado pelo álbum branco os Beatles estavam com uma situação financeira pior a cada dia. Em 1968, para cumprir contratos que prometiam um novo filme longa metragem, contrataram a criação de um desenho animado. O resultado foi o excelente “Yellow Submarine”. A trilha sonora do filme contava com composições dos Beatles e instrumentais criados pelo produtor George Martin.

Numa tentativa de retomada da espontaneidade e energia do início da carreira Paul McCartney criou o projeto “Get Back”, que deveria ser composto de um filme e um disco de rock and roll, gravados sem truques de estúdio. Após as tomadas iniciais as divergências entre os membros da banda levaram ao abandono do projeto que mais tarde seria aproveitado no lançamento do disco “Let It Be”.

Em 1969, em meio a um momento de trégua dentro da banda e com os problemas financeiros praticamente resolvidos foi gravado o excepcional “Abbey Road”. Enquanto todo o mundo aceitava o disco como uma prova definitiva de que os Beatles estavam novamente juntos e durariam para sempre John Lennon e Paul McCartney preparavam seus discos solos.

Com o comunicado oficial do fim da banda em 10 de Abril de 1970 a gravadora terminou a mixagem do material gravado do projeto Get back e lançou o disco “Let it Be”. Desde então os apreciadores da banda passaram a fomentar uma nova reunião que só viria a ser descartada de vez com a morte de John Lennon em 1980.

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